sexta-feira, 4 de julho de 2008

REDONDO - UM SÉCULO DE BARROS

Esta exposição de cerâmica polícroma reúne um acervo excepcional de artefactos de barro produzidos na vila do Redondo, entre o fim do século XIX e o século XX, na sua grande maioria pertencentes à colecção do Dr. Carmelo Aires. É fruto de um projecto de vida de quem ama a gente da sua terra e se apaixonou, há muito, pelas cerâmicas portuguesas, não só pela primazia da sua expressão única e particular, mas também pelo seu sentido social e cultural.
Como contributo para uma história da cerâmica do Redondo, este conjunto assume um papel fundamental, documentando um tipo particular de decoração em barro que, sendo memória do passado, está ainda presente na localidade. O núcleo principal desta importante colecção de cerâmicas polícromas é constituído por louça vidrada, de serviço comum, envolvida num banho total ou parcial de uma argila branca leitosa, esgrafitada, e pintada com óxidos metálicos, nas cores amarelo, verde e uma argila de matiz vermelho ferroso, em composições de uma ingénua expressão figurativa, por vezes, com inscrições. Podemos considerar estas cerâmicas polícromas como um tipo de arcaicas faianças falantes.
É também importante referir que, nesta colecção, estão presentes dois tipos distintos de cerâmicas. Um tipo, de paredes finas e acabamento requintado onde, ao repertório da olaria local se juntam formas e pormenores directamente influenciados pelas finas faianças ou porcelanas de concepção mais erudita, por vezes ao gosto internacional. E um outro tipo, mais popular, de paredes mais grossas, mas também de acabamento cuidado, directamente realizado sobre as formas da louça que tradicionalmente constituem o repertório local, usado no quotidiano rural, onde os elementos decorativos assumem uma expressão de identidade muito particular.
Citado do catálogo "Redondo - um século de Barros", 2008.

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