Falecido há cerca de dois anos, José Parreira, artesão estremocense e antigo tirador de cortiça, aproveitava os bocados de cortiça que achava mais adequado às peças.
Publicamos hoje um excerto de uma entrevista concedida pelo artesão em 2002, e de cuja autoria existe uma peça presente na nossa exposição temporária:
Trabalho no artesanato há cerca de 25 anos, desde 1977. Trabalhava com um colega na agricultura. Ele sabia fazer peças em miniatura. Dormíamos no local de trabalho e como tínhamos tempo livre ele ensinou-me a fazer tarros.
Antigamente havia muita gente a fazer isto. Agora já há pouco quem faça. Só pessoas de mais idade é que fazem, os mais jovens não se interessam por estas actividades. Quando comecei só fazia a Feira de Estremoz. Actualmente faço as feiras aqui da região. Mesmo que não se venda, mostramos a habilidade que temos. É uma forma de divulgar o trabalho.
NA OFICINA, compro a cortiça aos tiradores. Em primeiro lugar tiro a “raspa” (superfície exterior de cor escura). Depois de mergulhar a cortiça em água, coloco-a dentro de um recipiente e ponho-a ao lume para cozer. Quando ainda está quente enrolo a cortiça com a forma da peça que quero realizar. Para colocar o fundo e a tampa, volto a mergulhar em água quente, e a peça é toda raspada para retirar o sujo da cozedura. O acabamento é feito com lixas. Em seguida a peça é pregada com “tornos” em volta da base. A asa é colocada no bordo superior com dois “tornos” da asa.
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