- Da recente exposição, que com tanto brilhantismo se realizou em Évora, por altura da tradicional Feira de São João nesta cidade, quais as conclusões a que se chegou?
Fundamentalmente duas: que há tanta coisa com interesse, que é verdadeiramente imperativo pegar no artesanato e levá-lo ao nível de desenvolvimento que ele merece; que o público, em elevadíssimo número, gastou e apreciou, prova evidente de que, quando solicitado acorrerá a colaborar numa campanha que deveria ser apoiada por todos; o comércio para que compre e venda, o público para que o adquira ou produza.
- A exposição de artesanato no Redondo integrou-se no mesmo programa que a Junta está realizando?
Exactamente. Há que levar a todas as localidades o fermento e a sugestão para que se reabilite a nossa actividade artesanal. De resto, o Redondo é solar de uma olaria que muito interesse tem para o público estrangeiro
- O turismo nacional poderá ser valorizado por um artesanato de qualidade?
Sem dúvida. Os responsáveis por essa complexa indústria que é o turismo ano podem deixar no olvido o artesanato, uma das componentes dessa actividade industrial que tantas outras chama à cooperação. O turista pode não deixar dinheiro na praia, mas numa recordação típica investe invariavelmente algum.
- Que fez a Junta em matéria de procura de mercados externos?
Participou na Exposição realizada em Bruxelas no Centro Português de Informação e enviou paralelamente peças para venda a um estabelecimento daquela capital, onde tudo se vendeu.
Mandou para a televisão do Canadá diversas peças, onde dois programas constituíram enorme sucesso, a julgar pelo número de firmas que se dirigiram às entidades portuguesas e à TV. Forneceu vasto mostruário para uma importante firma inglesa. (Estas três operações ficam-se devendo ao Fundo de Fomento de Exportação). Enviou ainda pequeno mostruário para a Suécia.
- Que pensa fazer a Junta em matéria de preparação profissional?
Vir a estabelecer cursos de formação e de aperfeiçoamento artesanal.
FERREIRA, Mira, Artesanato português – seu valor e interesse, uma entrevista concedida pelo Dr. Armando Perdigão, Mensário das Casas do Povo, Novembro de 1962, p.p. 8 – 11.
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