Entradas gratuitas nos museus devem ser repensadas já, defende associação portuguesa .
O presidente da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) defendeu hoje que, para a sobrevivência dos museus, é necessário repensar o regime de gratuidade já e não daqui a seis meses, como sugere o Governo.
A APOM defende uma “mudança dos paradigmas dos alicerces que sustentam a cultura” (Enric Vives-Rubio (arquivo). “Seis meses para estudar o regime de gratuitidade já é tarde. Na perspectiva de retorno que deve existir, o Governo não precisa de seis meses. O regime pode ser aplicado rapidamente”, afirmou João Neto em declarações à Lusa. Segundo o presidente da APOM, citando um relatório do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), no ano passado apenas 40 por cento das pessoas que visitaram museus pagaram entrada. “Tem que haver no mínimo 80 por cento das entradas pagas. Para própria sobrevivência dos museus”, afirmou. O Governo, no seu programa, pretende, “no espaço de seis meses”, estudar a “revisão do regime de gratuitidade dos museus, diminuindo o período da sua aplicação” e discutir os “horários de funcionamento”. João Neto considera que “a sociedade criou a ideia de que esta cultura [museus e monumentos] tem que ser gratuita” e que “tem que haver educação as pessoas para perceberem que ao pagar entrada estão a ajudar”. O presidente da APOM defende que se revele o “valor real da entrada”, para que as pessoas sintam os benefícios que estão a ter ao pagarem entrada nos museus. “Não pode haver gratuitidade adquirida. Tem que ser concedida e com muito bom senso”, sublinhou.
O programa de governo dá conta, na área da Cultura, que um dos objectivos estratégicos é “reavaliar o papel do Estado na vida cultural”, enfatizando a auto-sustentabilidade do sector. A APOM defende uma “mudança dos paradigmas dos alicerces que sustentam a cultura”. “O Estado tem que ter um papel regulador, equilibrar entre várias áreas. Avaliar quais as que têm o maior retorno”, afirmou. Para João Neto é preciso “ver onde poderá investir-se para aumentar o retorno, económico e social”. “Receio que esteja a ser analisada apenas a questão da despesa”, lamentou. O presidente da APOM defende ainda “uma política de cooperação entre museus que estejam na mesma localidade, quer sejam do Estado ou das autarquias”, lembrando que “isto não está no programa do Governo”.
FONTE:http://www.publico.pt/Cultura/entradas-gratuitas-nos-museus-devem-ser-repensadas-ja-defende-associacao-portuguesa_1500810