domingo, 27 de dezembro de 2009

Bonecos de Estremoz na exposição "Presépios do Alentejo"

Os bonecos em barro de Estremoz são uma feliz combinação entre a escultura e a pintura, seguindo a tradição das imagens de culto em madeira e cerâmica que, policromadas, estavam presentes em retábulos e oratórios desde o século XVI.

Os bonecos conservam porém uma mescla de escárnio e divertimento que se pode associar com os presépios em terracota da segunda metade do século XVIII. O tratamento naturalista de um vasto leque de personagens que incluía músicos, camponeses com apetrechos de trabalho, e animais, como vacas, cabras, patos e galinhas, expostos com grande solenidade nas igrejas conventuais parece ter estimulado as oficinas da região a satisfazerem encomendas particulares que rapidamente conquistaram um lugar obrigatório na festa popular.

Nas primeiras décadas do século XX, assiste-se a um capítulo importante de fixação e ênfase nos aspectos regionais, com o trabalho de recuperação do fabrico dos bonecos protagonizado pelo escultor José Maria de Sá Lemos, que convidou Mariano da Conceição - neto de Caetano Augusto da Conceição, o fundador da Olaria Alfacinha - para professor da Escola de Artes e Ofícios de Estremoz.
A exposição do Mundo Português, celebrada em 1940, veio dar visibilidade ao trabalho de Mariano da Conceição e alimentar uma longa tradição familiar, que se estende até os dias de hoje. No labor de continuidade da sua irmã Sabina Santos, é importante a formação de várias aprendizes, entre as quais Fátima Estróia e as Irmãs Flores.
Tão importante quanto a manutenção das técnicas e tipos tradicionais, é a actividade de artesãos contemporâneos que têm utilizado a capacidade de síntese dos grupos escultóricos de barro para a crítica da sociedade moderna. Fonte: "ROTEIRO DOS ARTESÃOS DO DISTRITO DE ÉVORA - BONECOS DE ESTREMOZ. TRADICIONAIS E CONTEMPORÂNEOS"

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